SEXO20
Estamos em 1975, e o narrador acaba de ressuscitar o seu avô Lindolfo, morto «no limiar do sexo vinte», em 1900.
«Vim do Minho aos trambolhões, numa diligência de merda, atado com cordas, a tempo de ser benzido aqui em Sintra pelo padre Moraes que me perdoou tudo, incluindo até o que eu não tivera oportunidade de fazer». Na companhia do ancião - apreciador dos prazeres da mesa e da cama - e do seu neto, assistimos a episódios absurdos e rocambolescos, muitos deles passados em Sintra e cercanias: do jantar em casa de D. Clarimunda, respeitável senhora que lamenta o pendor revolucionário do cónego Agostinho, à sessão espírita promovida pelo baronete, acolitado por dama esverdeada e um homúnculo que arrota, passando pela aventura num carro voador que termina em desastre, e pela visita do Conselheiro da Embaixada da República Popular Não Sei Donde, sobraçando papéis e nabos.
«Há sexo em tudo. No emaranhado dos troncos das árvores, nas dunas de areia, no redondel dos toiros, nas ondas do mar. O homem é um ser cercado de desejo por todos os lados.»